Aula 101 A ABOLIÇÃO

TEMA: A ABOLIÇÃO
Nossa aula foi:
8ºA e B, sexta-feira, 5 de setembro de 2025.EIXO TEMÁTICO
O Brasil no século XIX.
 
HABILIDADES
(GO-EF08HI18-B) Refletir sobre o fim do tráfico negreiro, a abolição gradual da escravatura e a introdução da mão de obra imigrante, relacionando-os com a Lei de Terras de 1850, a concentração fundiária e os conflitos no campo, no passado e no presente.
Matriz de Habilidades Essenciais
Reconhecer as consequências da escravidão no Brasil e o seu processo de abolição. Analisar a política em relação aos povos indígenas implementadas no Segundo Reinado.
 
OBJETIVOS DE CONHECIMENTOS
O Brasil do Segundo Reinado: política e Economia:
 
CONTEÚDO
A Lei de Terras e seus desdobramentos na política do Segundo Reinado
 
METODOLOGIA:
Os objetivos da aula são:
Compreender o processo de Abolição como fenômeno do século XIX impulsionado por múltiplos fatores, incluindo pressão inglesa, Lei Eusébio de Queirós (1850), resistência escravizada e movimento abolicionista.
Identificar formas de resistência dos escravizados (desobediência, fugas, quilombos, levantes, defesa de culturas e religiões) e reconhecer sua contribuição decisiva para o fim da escravidão.
Analisar a Revolta de Manuel Congo (1838), situando o levante no Vale do Paraíba fluminense, seus desdobramentos repressivos e sentenças impostas aos rebeldes.
Para tanto, nos serviremos da seguinte estrutura de aula:
Apresentar os objetivos no quadro e situar a leitura do texto como estudo de caso do processo abolicionista e de uma rebelião escrava específica (Manuel Congo).
Realizar leitura guiada em duplas do texto, sublinhando palavraschave:
Lei Eusébio de Queirós (1850)
Proibição do tráfico: lei que “proibiu a entrada de escravos no Brasil”, representando “duro golpe contra a escravidão”, sem encerrar de imediato o regime.
 
Resistência
Ações dos escravizados: práticas contínuas de resistência “por meio da desobediência, da fuga e formação de quilombos, dos levantes urbanos e da busca por liberdade para praticar suas culturas e religiões”.
 
Quilombos
Comunidades de fuga: agrupamentos formados por escravizados fugidos; no caso de 1838, “não chegou propriamente a ser erigido um quilombo organizado” sob Manuel Congo, mas houve concentração de fugitivos nas matas com víveres e armas.
 
Levantes
Revoltas escravas: ações coletivas de rebelião; “ciclo de revoltas na Bahia entre 1807 e 1835” e o levante de 1838 em Pati do Alferes/Vassouras liderado por Manuel Congo.
 
Bahia 1807–1835
Série de revoltas: período com “mais de 20 revoltas e conspirações” promovidas por africanos e descendentes na Bahia, segundo João José Reis.
 
Manuel Congo
Líder de rebelião (1838): liderança do levante em Pati do Alferes, região de Vassouras, com fuga de escravizados de várias fazendas; preso e condenado à forca em 1839 como “cabeça da insurreição”.
 
Vassouras
Centro cafeeiro e repressão: “vale do Paraíba fluminense”, local do julgamento e das sentenças contra os rebeldes de 1838.
 
Pati do Alferes
Matas de concentração: área onde fugitivos “se concentravam nas matas com víveres, armas e ferramentas” e onde ocorreu combate em 11 de novembro de 1838.
 
Guarda Nacional
Força repressiva: tropa mobilizada para reprimir o levante; combateu os fugitivos e recapturou parte deles após enfrentamentos.
 
Insurreição
Crime imputado: acusação formal contra os recapturados; 16 foram julgados em 1839 “todos acusados do crime de insurreição”.
 
Açoites
Punição corporal: condenações de “650 açoites, 50 por dia”, além do uso de gonzos de ferro ao pescoço por três anos para alguns condenados.
 
Forca
Pena capital: execução de Manuel Congo “à forca” como líder da insurreição, cumprida em 1839.
 
Conduzir Estudo de caso: organizar grupos para responder “O que aconteceu?”, “Quem participou?”, “Onde e quando?”, “Como o poder reprimiu?”, “Que punições foram aplicadas?”, apoiando cada resposta em citação curta do texto.
O que aconteceu?
Houve um levante de escravizados na região cafeeira do Vale do Paraíba fluminense, com fuga coletiva para as matas entre 6 e 10 de novembro de 1838, armados e com víveres e ferramentas retirados das fazendas de origem.
 
Quem participou?
Participaram escravizados de várias fazendas da região, liderados por Manuel Congo, com menção a outros nomes entre os recapturados e julgados posteriormente.
 
Onde e quando?
O levante e a concentração ocorreram em Pati do Alferes, termo de Vassouras (RJ), em novembro de 1838; o combate principal deuse em 11 de novembro; os julgamentos ocorreram em janeiro de 1839; a execução de Manuel Congo ocorreu em Vassouras em 1839.
 
Como o poder reprimiu?
A repressão foi feita pela Guarda Nacional, que perseguiu os fugitivos nas matas, travou combate, matou sete cativos, feriu 23 e recapturou grande parte após o confronto.
 
Que punições foram aplicadas?
Dezesseis recapturados foram julgados por “insurreição”; sete réus receberam 650 açoites (50 por dia) e uso de gonzos de ferro ao pescoço por três anos; Manuel Congo, como “cabeça da insurreição”, foi condenado à forca, com execução pública em 1839.
 
Construir Linha do tempo colaborativa no quadro: registrar marcos como “Bahia 1807–1835: mais de 20 revoltas/conspirações”, “1838: levante em Pati do Alferes/Vassouras”, “1839: julgamento e sentenças (650 açoites; gonzos; forca)” e “1850: Lei Eusébio de Queirós” para contextualizar a longa duração da Abolição.
 
Realizar debate guiado: discutir como a resistência escravizada e o abolicionismo, combinados à pressão internacional, alteraram o cálculo político sobre a escravidão, pedindo evidências textuais da atuação dos escravizados e do efeito da lei de 1850.
 
Atividades estruturadas
Produzir quadro comparativo “Resistência e Repressão”: listar práticas de resistência (desobediência, fuga, quilombos, levantes, preservação cultural) e, ao lado, instrumentos repressivos citados (Guarda Nacional, combate, capturas, julgamentos por insurreição, açoites, gonzos, forca), com uma citação do texto em cada linha.
 
Elaborar mapa mental “Manuel Congo e o Vale do Paraíba”: ao centro “1838 – Pati do Alferes (Vassouras)”, ramos para “fuga e armamento”, “Guarda Nacional”, “combate em 11/11”, “mortes/feridos/recapturas”, “julgamentos em 1839”, “penas aplicadas”, “execução em 06/11/1839”, todos com referências textuais.
 
Material didático: Seduc GO, Goiás TEC 8º ano, Terceiro Bimestre.
 
🔖ATIVIDADE AVALIATIVA🎒
Avaliação diagnóstica: checar conhecimentos prévios perguntando o que os estudantes já ouviram sobre a Lei Eusébio de Queirós e sobre revoltas escravas no século XIX, antes da leitura.
Avaliação formativa: observar se grupos citam trechos do texto ao preencher o estudo de caso e a linha do tempo, e se distinguem claramente resistência e repressão com base documental.
Avaliação somativa: aplicar ticket de saída com três itens: (1) Explicar por que a Lei Eusébio de Queirós foi “golpe contra a escravidão” e por que não encerrou o regime de imediato; (2) Citar duas formas de resistência e relacionálas ao processo da Abolição; (3) Relatar, em 3 a 4 linhas, os principais fatos da revolta de 1838 e suas punições, cada item com uma citação do texto.
 
🔖ATIVIDADE AVALIATIVA FLEXIBILIZADA🎒
1. Ler três frases curtas e marcar V/F, citando 3–6 palavras do texto como evidência.
Frases:
“Resistência é fugir e formar quilombos.” (Marcar V/F e citar “fuga e formação de quilombos”).
 
“A Guarda Nacional ajudou os fugitivos a se esconder.” (Marcar V/F e citar “repressão… enviandose a Guarda Nacional”).
 
“Houve levante em novembro de 1838.” (Marcar V/F e citar “entre 6 e 10 de novembro de 1838… combate em 11 de novembro”).
 
2. Entregar uma lista de 6 palavras/expressões do texto: “fuga”, “levante”, “quilombo”, “Guarda Nacional”, “julgamento por insurreição”, “açoites/forca”.
Pedir para colocar cada item na coluna “Resistência” ou “Repressão” e copiar uma palavra do texto como pista.
 
Gabarito
Resistência
Fuga — Pista: “haviam fugido de várias fazendas”.
Levante — Pista: “levante liderado por Manuel Congo”.
Quilombo — Pista: “não chegou… a ser erigido um quilombo organizado” (referência à tentativa/concentração nas matas).
 
Repressão
Guarda Nacional — Pista: “enviandose a Guarda Nacional no encalço dos fugitivos”.
Julgamento por insurreição — Pista: “16 foram julgados… todos acusados do crime de insurreição”.
Açoites/forca — Pista: “condenados a 650 açoites… com gonzos de ferro”; “Manuel Congo foi condenado à forca”.
 
MATERIAL:
A ABOLIÇÃO
1. A pressão inglesa pelo fim do tráfico e a Lei Eusébio de Queirós (1850), que proibiu a entrada de escravos no Brasil, representaram um duro golpe contra a escravidão. Mas o processo que levou ao fim da escravidão no Império se iniciou antes dessa lei e se prolongou por quase todo o século XIX. Entre os fatores que contribuíram para a Abolição, cabe citar: a resistência dos próprios escravizados e o movimento abolicionista.
A RESISTÊNCIA DOS ESCRAVIZADOS
2. Enquanto durou a escravidão, houve resistência. Os escravizados resistiam por meio da desobediência, da fuga e formação de quilombos, dos levantes urbanos e da busca por liberdade para praticar suas culturas e religiões. Um exemplo expressivo da resistência dos escravizados no século XIX foi o ciclo de revoltas lideradas por eles na Bahia entre 1807 e 1835. Segundo o historiador João José Reis, naqueles anos a Bahia foi palco de mais de 20 revoltas e conspirações promovidas pelos africanos e seus descendentes. As lutas levadas adiante pelos próprios escravizados contribuíram decisivamente para o fim da escravidão. Uma dessas lutas foi a liderada por Manuel Congo.
REVOLTA DE MANUEL CONGO
3. Considerada [...] uma das mais importantes rebeliões escravas ocorridas no Brasil monárquico, o levante liderado por Manuel Congo estourou na região de Pati do Alferes, [...] Vassouras, em novembro de 1838. Revoltaram-se os escravos em importantíssima região da expansão cafeeira no vale do Paraíba fluminense [...].
4. [...] Não chegou propriamente a ser erigido um quilombo organizado sob a chefia de Manuel Congo nas matas de Pati do Alferes, mas uma luta de resistência de escravos que haviam fugido de várias fazendas da região entre 6 e 10 de novembro de 1838. [...] A repressão não tardou, enviando-se a Guarda Nacional no encalço dos fugitivos, que se concentravam nas matas com víveres, armas e ferramentas de todo tipo saqueados nas fazendas de origem. Travou-se combate logo no dia 11 de novembro, no qual morreram sete cativos, 23 ficaram feridos e os demais fugiram, sendo boa parte deles recapturada depois. [...] Dos rebeldes recapturados, 16 foram julgados, em [...] 1839, todos acusados do crime de insurreição [...]. Deles, Justino Benguela, Antônio Magro, Pedro Dias, Belarmino Congo, Miguel Crioulo, Canuto Moçambique e Afonso Angola foram incursos no artigo 60 do Código Criminal e condenados a 650 açoites, 50 por dia, e a andarem por três anos com gonzos de ferro ao pescoço [...]. Manuel Congo foi condenado à forca como cabeça da insurreição [...], sentença executada em 6 de novembro de 1839.

Nenhum comentário:

Postar um comentário